No dia 21 de abril de 2025, o cenário global sofreu um deslocamento — não por um único evento impactante, mas por uma rara convergência: a morte de um Papa, a renúncia de um líder econômico global e o reconhecimento crítico de um filme que, embora ficcional, espelha com precisão inquietante os jogos de poder do mundo real. À primeira vista, uma coincidência. Com atenção, uma convergência. O que os une não é apenas a data, mas a mensagem comum: o mundo está mudando, e os antigos paradigmas estão ruindo.
O fim de um papado e a ilusão da reforma
A morte do Papa Francisco, aos 88 anos, encerra um pontificado marcado por esperanças — e hesitações. Embora saudado como reformista, defensor dos marginalizados e crítico do capitalismo desenfreado, seu papado ficou aquém ao não entregar reformas estruturais reais. Temas como responsabilização por abusos, ordenação de mulheres e reformas na governança interna permaneceram intocados ou foram apenas simbolicamente abordados.
Francisco deixa uma Igreja encruzilhada. Seus sucessores favoritos ecoam sua teologia e postura política, indicando a continuidade de um progressismo retórico sem avanços institucionais. No entanto, os fieis — especialmente as novas gerações — exigem mais. Buscam transparência, inclusão e uma liderança espiritual que vá além do cerimonial e enfrente os desafios morais e sociais do século XXI.
Klaus Schwab e o declínio da ortodoxia globalista
A renúncia de Klaus Schwab da presidência executiva do Fórum Econômico Mundial (WEF) simboliza mais do que uma transição pessoal — representa o desmonte de uma visão tecnocrática que dominou os círculos de elite por mais de cinco décadas. Arquiteto do discurso do capitalismo das partes interessadas e do controverso Great Reset, Schwab sai sob intensa pressão, envolto em investigações por influência indevida, práticas opacas de lobby e vínculos com agendas geopolíticas associadas à chamada Nova Ordem Mundial (NOM).
Há investigações em curso sobre parcerias obscuras entre o WEF, governos e grandes corporações, e críticos apontam que o Fórum, sob sua liderança, teria ultrapassado os limites entre liderança econômica e engenharia ideológica. As atenções se voltam agora para possíveis sucessores — como Børge Brende ou nomes ascendentes do setor tecnológico — que deverão tentar restaurar a imagem do Fórum sem perder o controle sobre os debates da governança global.
A grande questão, no entanto, já não é sobre quem assume, mas sobre se ainda há legitimidade.
Conclave: quando a ficção reflete o poder
Conclave, de Edward Berger — vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado — vai além da ficção cinematográfica. Lançado em sincronia quase profética com a morte do Papa, o filme mergulha nos bastidores do Vaticano, onde símbolos espirituais se misturam a manipulações ideológicas. Com um retrato agudo de lobby, interesses econômicos e jogos de influência, o longa se torna mais do que entretenimento: uma denúncia.
Conclave não apenas entretém, ele provoca. Convida o público global a refletir sobre como a autoridade religiosa é construída, negociada — e corrompida.
Três saídas, um alerta
Três eventos. Uma data. Uma única verdade: o mundo está sinalizando o fim da era da aceitação passiva. Instituições construídas sobre prestígio, mistério e opacidade estão sendo convocadas a prestar contas — e a se reinventar.
Na CA Consultoria Internacional, observamos este momento não como uma sequência de eventos isolados, mas como um reflexo de uma transição global. O poder espiritual, econômico e cultural está mudando de mãos — não por acaso, mas por urgência. O mundo já não está apenas assistindo. Ele está decidindo.
E está pronto para algo novo.
Charmaine Alves
Diplomata Corporativa, Analista de Negócios Internacionais, CEO do CA Consultoria Internacional
@charmainealvesoficial
