Ozempic, Mounjaro, Wegovy, Saxenda e Zepbound: qual a diferença entre os remédios para obesidade

A FDA, agência regulatória norte-americana, aprovou o Zepbound, novo fármaco à base de tirzepatida para o tratamento de obesidade. O leque de remédios que controlam a doença se abre ainda mais

Novos remédios para obesidade estão dominando as manchetes e suscitando debate nas redes sociais. Na semana passada, a Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória norte-americana, aprovou mais um fármaco para o tratamento da doença. Trata-se do Zepbound, um medicamento injetável que tem como princípio ativo a tirzepatida e é fabricado pela farmacêutica Eli Lilly.

Em 2023, mais da metade da população brasileira (56,8%) tem excesso de peso, um aumento em relação ao ano anterior (52,6%). Os dados são do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), desenvolvido pela Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é fator de risco para doenças coronárias, hipertensão, acidente vascular cerebral, alguns tipos de câncer, diabetes tipo 2, entre outras moléstias.

Victoza e Saxenda

Remédios injetáveis em dispositivos que se assemelham a uma caneta já são aplicados no Brasil há mais de dez anos. Em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o Victoza, um fármaco à base de liraglutida, fabricado pela Novo Nordisk.

“O Victoza foi o primeiro remédio dessa classe a demonstrar um benefício de redução de eventos cardiovasculares para pacientes com diabetes do tipo 2 e alto risco cardiovascular”, diz o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

Os estudos com liraglutida mostraram uma perda média de peso de 7%, após um ano de uso. Por isso, o Victoza é usado em caráter off label, isto é, sem prescrição de bula, para obesidade.

Em 2016, a Anvisa aprovou o Saxenda, medicamento também à base de liraglutida e do mesmo fabricante, desta vez com indicação para tratar obesidade e sobrepeso.

Ozempic e Wegovy

Dois anos depois, a Novo Nordisk lançou um novo fármaco, mais potente que os precursores. Trata-se do Ozempic, à base de semaglutida e indicado para diabetes tipo 2. “O Ozempic tem um perfil de segurança e eficácia semelhante aos anteriores, porém, com um efeito mais robusto sobre o controle da glicemia e sobre a perda de peso”, afirma o médico.

Em um ano de uso da droga, os participantes dos estudos perderam, em média, 16% do peso corporal inicial. “Foi a primeira medicação com comprovação de eficácia e segurança que superou a linha dos 10% do peso corporal de maneira sustentada”, afirma o presidente da Sbem.

Neste ano, a Anvisa deu aval para a comercialização do Wegovy. O fármaco — novamente da Novo Nordisk —, à base de semaglutida, tem indicação para tratar obesidade e sobrepeso.

Paulo Augusto Miranda explica que a liraglutida e a semaglutida têm o mesmo efeito: “Elas agem sobre o receptor de uma substância produzida pelo intestino, que é o GLP-1. Elas induzem a saciedade no sistema nervoso central, alteram a velocidade com que o estômago se esvazia após a alimentação e modulam a secreção de insulina, dependendo da variação da glicose”.

O que muda da liraglutida para a semaglutida é a meia vida. Por características moleculares, a primeira deve ser aplicada diariamente, enquanto a segunda é de uso semanal.

Mounjaro e Zepbound

Em 2023, além do Wegovy, a Anvisa liberou o registro de outra droga. O Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, tem como princípio ativo a tirzepatida e é indicado para diabetes tipo 2. Ainda não há previsão de quando o Wegovy e o Mounjaro chegarão às prateleiras das farmácias brasileiras.

Com a aprovação do Zepbound pela FDA, existem, agora, seis remédios injetáveis para tratamento de obesidade, sendo três deles usados em caráter off label.

“A tirzepatida chega com um programa de estudos bem robustos. Pesquisas mostraram que a perda de peso atinge a casa dos 25%, em relação ao peso corporal inicial da pessoa”, diz o médico da Sbem. “Na cirurgia bariátrica, a perda fica acima de 30%, dependendo da técnica utilizada. O efeito da tirzepatida é quase correspondente ao da bariátrica.”

A tirzepatida age sobre o GLP-1 e também sobre outro receptor que atua no sistema digestivo, chamado GIP. “Ela tem ações semelhantes do ponto de vista fisiológico e farmacológico ao da semaglutida, mas com uma potência maior da indução da saciedade, da perpetuação da saciedade e de perda de peso”, afirma o médico.

Paulo Augusto Miranda salienta que o efeito da droga sobre o controle glicêmico também é maior do que a semaglutida.

Obesidade: uma doença sem cura

Isso significa que a tirzepatida pode ser usada por menos tempo que a semaglutida e a liraglutida? Segundo o endocrinologista, o tipo da droga não interfere na duração do tratamento.

“Os remédios antiobesidade controlam a doença. A maior parte das pessoas que usa o medicamento por um tempo limitado tende a reganhar o peso após a sua suspensão. A base fisiopatológica da obesidade é o desbalanço do sistema que controla o ganho e o gasto de energia. Não tem uma droga que cure esse problema”, explica o presidente da Sbem.

Para o médico, é preciso quebrar o conceito de que o tratamento para obesidade tem data para acabar: “Algumas pessoas podem interromper gradativamente a medicação ou utilizar uma dose mais baixa e manter o peso perdido. Outras não podem parar. Isso não é dependente de força de vontade nem está necessariamente relacionado à mudança de hábito de vida. A obesidade tem mecanismos fisiopatológicos mais complexos do que isso”.

FONTE: https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/11/ozempic-mounjaro-wegovy-saxenda-e-zepbound-qual-a-diferenca-entre-os-remedios-para-obesidade.ghtml

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